Notas sobre o resultado da eleição

Algumas notas sobre o resultado eleitoral de ontem:

1) É normal ficar triste, decepcionado, cabisbaixo por torcer muito para um candidato e vê-lo perder. Mas não é normal em absolutamente nada o desespero, a completa falta de noção e a reação desproporcional diante do fato de que, após ganhar quatro eleições SEGUIDAS, o seu partido não conseguiu ganhar a quinta. Há gente adulta chorando mais do que diante da perda de um pai ou mãe. Há adulta tendo crise diante de cenas de crianças brincando de polícia e ladrão. Há gente cogitando suicídio! Há gente propondo suicídio coletivo!!!

Isso não é discordância. Isso é histeria gerada por conviver e/ou admirar loucos. Não estou usando uma figura de linguagem. Falo de uma situação patológica de fato. Há estudos psiquiátricos sobre como a infiltração, em organizações e em movimentos sociais, de pessoas com patologias psicológicas graves, incluindo psicopatia, espalha pelas demais pessoas uma situação de histeria e irrealidade. 

2) A melhor maneira de superar os traumas (os reais e os imaginários) do regime militar é justamente chegarmos a um grau de maturidade em que seja possível ter um presidente de origem militar e um mandato normal (bom ou ruim, mas normal), em que as liberdades sejam preservadas. Qualquer pessoa normal deveria torcer por isso agora.

3) Mas há aqueles que, além de não torcerem por isso, são incapazes de aceitar se isso ocorrer. Há gente que vai entrar em crise e se tornar ainda mais histérica se nenhuma previsão apocalíptica se cumprir. Sabe por quê? Porque o receio de alguns é real, mas o receio de muitos outros é criado artificialmente, devido à repetição infinita de slogans. Eles não falam o que acreditam, mas passam a acreditar naquilo que repetem. Eles forjaram parte da sua identidade pessoal com base na ideia de que são o monopólio da bondade. Alguns deles sonham em poder se gabar de que foram vítimas de uma ditadura. Eles desejam um ditadura, mesmo que apenas um simulacro de ditadura, para poderem se sentir heróis. Quando não encontram uma possibilidade real de viverem esse sonho, projetam isso sobre qualquer situação banal. Uma mera discordância em uma conversa vira uma ato de “agressão”. Para essas pessoas, deparar-se com um governo normal (bom ou ruim) não é apenas uma constatação difícil. Seria uma ruptura traumática de sua identidade pessoal. Meu conselho: não se deixem cair nessa armadilha mental feita para imbecilizar as pessoas.

“Grammatica Elementar do Kimbundo” – Héli Chatelain (1889)

A Grammatica Elementar do Kimbundo ou Língua de Angola foi escrita pelo linguista e missionário cristão de origem suíça Héli Chatelain. Foi publicana em 1889. Foi escrita em português e conta com um prefácio, intitulado “Introduction”, em inglês redigido por Robert Needham Cust, autor de A Sketch of the Modern Languages of Africa, cujos dois volumes também estão disponibilizados aqui no site.

O kimbundo é uma língua da família bantu, considerada uma das mais faladas da família, que forneceu vários empréstimos lexicais ao português brasileiro e ao português angolano.

 

TEXTO EM PDF: Temos duas versões de pdf disponíveis dessa obra.

Grammatica Elementar do Kimbundo ou Língua de Angola: Versão 1 | Versão 2.

“Ilha das Flores: depois que a sessão acabou”

O vídeo abaixo fala do outro lado do famoso documentário brasileiro “Ilha das Flores”. O vídeo mostra o ponto de vista da população do local, inclusive de várias pessoas que aparecem no filme original, sobre o filme e sobre a situação retratada nele.

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O filme “Ilha das Flores” foi feito em 1989. Hoje, em 2018, talvez o filme pareça bastante chato para as plateias modernas, mas ele fez um grande sucesso. Além dos prêmios de cinema que recebeu, durante os anos 90 e o começo dos anos 2000, uma quantidade enorme de professores utilizou o filme em salas de aulas, exibindo-os para os alunos, o que multiplicou o seu impacto. Talvez você nunca tenha visto esse filme, mas é bem provável que alguns de seus professores ou dos professores deles tenham visto. E isso influenciou o modo de vários futuros educadores verem o mundo. E isso indiretamente influenciou a educação que você recebeu.

 

“The Classificatory Stage” – Max Müller (1862)

The Classificatory Stage” é a quarta palestra da série sobre a ciência da linguagem, apresentada por Max Müller na Royal Institution of Great Britain, publicada no primeiro volume de Lectures on the Science of Language em 1862.

Nela, Müller continua a discorrer sobre sua visão quanto aos estágios históricos de desenvolvimento da lingüística. O “estágio classificatório”, segundo o autor, seria a segunda fase (de um total de três) das ciências naturais em geral e da ciência da linguagem, de modo específico. Esse segundo estágio seria marcado pelas tentativas iniciais de classificar as línguas em grupos por suas semelhanças e pelas especulações sobre a origem das línguas; envolve também o levantamento da diversidade das línguas do globo, em grande parte em decorrência do conceito de humanidade trazido pelo cristianismo (ausente nas civilizações pagãs e na filosofia grega) e dos esforços missionários.

TEXTO EM PDF: Lecture IV: The Classificatory Stage.

Para as demais capítulos desse livro e demais obras de Müller, clique aqui.