“The Classificatory Stage” – Max Müller (1862)

The Classificatory Stage” é a quarta palestra da série sobre a ciência da linguagem, apresentada por Max Müller na Royal Institution of Great Britain, publicada no primeiro volume de Lectures on the Science of Language em 1862.

Nela, Müller continua a discorrer sobre sua visão quanto aos estágios históricos de desenvolvimento da lingüística. O “estágio classificatório”, segundo o autor, seria a segunda fase (de um total de três) das ciências naturais em geral e da ciência da linguagem, de modo específico. Esse segundo estágio seria marcado pelas tentativas iniciais de classificar as línguas em grupos por suas semelhanças e pelas especulações sobre a origem das línguas; envolve também o levantamento da diversidade das línguas do globo, em grande parte em decorrência do conceito de humanidade trazido pelo cristianismo (ausente nas civilizações pagãs e na filosofia grega) e dos esforços missionários.

TEXTO EM PDF: Lecture IV: The Classificatory Stage.

Para as demais capítulos desse livro e demais obras de Müller, clique aqui.

“A gramática não ‘estabelece’ a norma culta” – equívocos do livro “Preconceito Linguístico”

No famoso livreto Preconceito Linguístico: o que é, como se faz, Marcos Bagno critica os gramáticos por dizerem que “A Gramática normativa estabelece a norma culta“. Segundo Bagno, seria um absurdo dizer algo desse tipo, pois…

“não é a gramática normativa que “estabelece” a norma culta. A norma culta simplesmente existe como tal. A tarefa de uma gramática seria, isso sim, definir, identificar e localizar os falantes cultos, coletar a língua usada por eles e descrever essa língua de forma clara, objetiva e com critérios teóricos e metodológicos coerentes.” (Preconceito linguístico, 2007, p. 65)

No entanto, essa crítica de Bagno simplesmente não tem fundamento. O que Bagno faz é apenas se negar a reconhecer um uso bastante comum que o verbo “estabelecer” possui. Notem os exemplos abaixo:

Ex. 1: “Jacobus Cornelius Kapteyn estabeleceu as dimensões da nossa galáxia…” (Fonte: aqui)

Ex. 2: “Mustier (…) estabeleceu as dimensões da fraude depois de interrogar Kerviel durante toda a noite de sábado.” (Fonte: aqui)

Ninguém jamais imaginaria que essas frases significam que as dimensões da galáxia ou da fraude inexistiam antes de Kapteyn ou antes do interrogatório de Kerviel, tendo sido criadas por estes. O significado de “estabelecer” nesses exemplos não é o de “criar”, mas o “determinar” (no sentido de “descobrir”) ou “organizar e formalizar explicitamente” alguma informação.

O mesmo ocorre na frase criticada por Bagno acima. Quando os gramáticos dizem que “a gramática normativa estabelece a língua“, eles já estão dizendo exatamente aquilo que Bagno alega, contra eles, que seria a visão correta sobre o tema: a gramática define e identifica os usuários da linguagem culta e descreve os usos dessa linguagem de modo claro e objetivo.

É muito estranho que alguém como Bagno, que afirma celebrar a diversidade e variação lingüística, se irrite tanto com aquilo que é simplesmente um dos significados bastante comuns de um verbo como “estabelecer”.

Em suma, não há razão, portanto, na crítica feita por Bagno. O motivo real de seua crítica não é algum erro presente na declaração dos gramáticos, mas sim uma divergência que há entre Bagno e estes com relação a quais devem ser os critérios para identificar e descrever a linguagem culta . Para os gramáticos, a linguagem culta a basear a norma linguística deve ser encontrada na alta literatura, naqueles autores e obras cujo valor sobrevive ao teste do tempo. Para Bagno, ao contrário, a linguagem culta a servir de modelo de norma linguística deve ser encontrada no que ele chama de “língua culta real”, que é a linguagem das pessoas tidas como cultas na atualidade, o que, na prática, é simplesmente a linguagem de hoje das classes altas, ou seja, os modismos passageiros dos ricos e endinheirados, que estejam em posições mais altas da escala social. Por algum motivo estranho, Bagno considera que sua própria abordagem é mais democrática e mais popular e que, portanto, deve substituir completamente a abordagem “elitista e discriminatória” dos gramáticos. Mas isso é um tema para outro texto.

“Arte Menor e Arte Maior” – Donato (350 d.C.) – tradução e introdução

A obra Ars Grammatica foi escrita pelo gramático latino Élio Donato por volta do ano de 350 d.C.. É composta por duas partes, conhecidas como Arte Menor e Arte Maior, muitas vezes tomadas como obras independentes.

Trazemos aqui uma tradução dessa obra ao português, feita por Lucas Consolin Dezotti. A tradução é acompanhada por notas e por um estudo introdutório e foi parte da dissertação de mestrado de Dezotti.

TEXTO EM PDF: Arte menor e Arte maior de Donato: tradução, anotação e estudo introdutório.

“Modern Languages of Africa – vol. 2” – Robert Cust (1883)

Este é segundo volume da obra A Sketch of the Modern Languages of Africa (“Um esboço sobre as línguas modernas da África”), do lingüista britânico Robert Needham Cust.

A obra foi publicada em 1883 em dois volumes. Este segundo volume contém três capítulos, que tratam das línguas da família bantu e do grupo chamado de Hottentot-Bushman, além de onze apêndices e um mapa.

TEXTO EM PDF: A Sketch of the Modern Languages of Africa – vol. 2.

(Clique aqui para o volume 1)

 

Sumário do volume 2:
XII. Bantu Family 289
XIII. Hottentot-Bushman Group 435
XIV. Concluding Remarks 455
Appendices
A. Language-Map in Two Sheets
B. Five Sheets of Photographs (small size), One of Photograph (large size)
C. Bibliographical Table of Languages, Dialects, Localities, and Authorities 467
D. Abstract Table of Languages and Dialects . . . 518
E. List of Books of Reference on General Subject . 519
F. Translations of the Bible 522
G. List of Names of Languages rejected from Appendices H. and J. from Insufficiency of Information 528
H. Alphabetical Index of Names of Languages and Dialects 530
I. Alphabetical Index of Authors quoted 539
J. Alphabetical Index of Names of Languages other than those entered in appendix H 547
K. General Index of Subjects 557

“As duas línguas. Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza” – J. S. Barbosa (1808)

Em 1808, Jerônimo Soares Barbosa (1737-1816), filólogo e professor de Retórica e Poética da Universidade de Coimbra, publicou a obra As duas linguas: Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza comparada com a latina.

A obra se filia à tradição racionalista de análise da linguagem iniciada com os autores da Gramática de Port-Royal. Também tem o objetivo de se contrapor ao método de ensino jesuíta, pelo qual os estudantes aprendiam primeiro a ler e escrever em latim e apenas depois aprendiam em português. Barbosa defendia o aprendizado deveria se iniciar pela gramática da língua materna. Na contracapa do livro, consta que ele é voltado “Para se aprenderem ao mesmo tempo” as duas línguas.

ARQUIVO EM PDF: As duas línguas. Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza comparada com a latina.