Neonazismo brasileiro: um espantalho

Um texto que eu escrevi em dezembro de 2019:

NEONAZISMO BRASILEIRO: UM ESPANTALHO

A possibilidade de um movimento nazista ou neonazista conseguir algum apoio significativo no Brasil é mais do que ridícula ou patética. É menor do que zero.

Não porque o povo brasileiro esteja em algum nível de consciência muito superior. Basta ver como a outra ideologia igualmente psicopata e genocida — o comunismo — tem uma base de apoio tão grande aqui. A questão é que o Brasil nunca foi nem nunca será um terreno fértil para a ideologia nazista especificamente.

Em primeiro lugar, falta no Brasil o próprio público-alvo dessa ideologia. A esmagadora maioria da população branca brasileira não se sente ariana ou “racialmente pura”.

Em segundo lugar, mesmo quem poderia se sentir assim não vai, pois não existe uma subcultura branca que faça separação efetiva entre brancos e pardos/mestiços brasileiros. Não, nós nem precisamos analisar as relações pessoais entre brancos e negros no Brasil. As relações entre brancos e pardos de diversos tons já bastam. Todos os laços de amizade e solidariedade se estendem muito além da tonalidade específica da pele.

Terceiro, é impossível o surgimento de um nacionalismo racial com apoio significativo no Brasil, pois não existe “raça original” brasileira nem factualmente nem imaginativamente. Nenhuma das etnias que convivem no Brasil se sente a raça original de nosso país. Mesmo nos casos em que o sentido de “original” poderia ser reclamado, este só aparece como dissociado da identidade brasileira e como inimigo desta identidade.

Dentre os índios, poderia surgir um movimento de “raça original do território”? Talvez, mas este seria um movimento que renegaria o rótulo “brasileiro”, pois seria uma influência dos invasores. Além do mais, os índios não têm sequer população suficiente para ser uma ameaça.

Dentre os descendentes dos imigrantes germânicos, italianos, poloneses etc poderia surgir um movimento de nacionalismo racial? Talvez, mas este também seria um movimento anti-brasileiro, portanto teria a sua difusão bloqueada pela própria contradição estrutural de que todo o seu público-alvo é falante de português brasileiro e não da língua mãe do movimento.

Todo foco de neonazismo no Brasil está condenado a ser ação de lobos solitários patéticos isolados ou a gangues locais com menos membros do que qualquer igrejinha de bairro.

As ações de tais focos devem continuar sendo monitoradas pelas polícia, mas todo e qualquer clamor de ~intelequituais~ avisando sobre a suposta ameaça nazista que está se levantando no país é apenas babaquice de quem quer inventar um espantalho de inimigo para conseguir defender outra ideologia igualmente assassina e muito mais difundida, que é o socialismo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *